Pandemia da covid-19 afeta a rotina de funcionários e moradores de condomínios
Se as mudanças na rotina na vida das pessoas estão gerando muitas adaptações devido ao isolamento social imposto para conter o avanço da Covid-19, as adaptações são ainda maiores quando se trata da coletividade e espaços de uso comum, como áreas externas, salões de festas, elevadores, piscinas e academias de condomínios residenciais.
O proprietário de uma empresa administradora de condomínios em Araçatuba, César Lorenzetti, explicou que no geral, o mais importante é ter bom senso e consciência, uma vez que os síndicos e zeladores não têm poder de polícia, mas de maneira em geral têm agido com o intuito de orientar moradores e visitantes.
Lorenzetti disse que os síndicos dos condomínios administrados por sua empresa têm seguido à risca as determinações do isolamento social. Salões de festa e academias estavam fechadas. Com a recente flexibilização, alguns condomínios liberaram o uso da academia mas a sua administradora cuida do agendamento por núcleo familiar.
Ele explicou que trabalha com um aplicativo onde cada família pode agendar antecipadamente a utilização de uma hora diária da academia, e não é permitido o uso de mais de uma família ao mesmo tempo. Os salões de festas dos condomínios estão fechados e a utilização dos elevadores também têm sido recomenda por núcleo familiar. Quanto as piscinas não está havendo problema porque como a temperatura caiu bastante, os próprios moradores não estão fazendo a utilização.
Os porteiros também são recomendados a sempre orientar visitantes e moradores a utilizarem máscaras em áreas comuns, incluindo playgrounds, praças e espaços para caminhadas. Ele lembra que o principal fator é bom senso de cada morador e cada visitante.
Uma parte considerável das medidas adotadas para evitar a disseminação do coronavírus nos condomínios afeta diretamente a rotina dos funcionários.
A intensificação da limpeza e as relações trabalhistas são alguns exemplos do que mudou. Segundo Lorezentti, todos os funcionários passaram a ser obrigados a utilizarem máscaras e estarem sempre utilizando álcool gel na higienização das mãos.
Em edifícios residenciais a recomendação é a higienização constante do teclado nos elevadores e nos condomínios em geral, a higienização de locais como maçanetas e portões de áreas de uso comum.
“É uma realidade que temos que aprender a conviver”, afirma o advogado Alexandre Berthe. Ele explica que é necessário estar mais atento às práticas diárias para não se contaminar e evitar conflitos. Por exemplo, quando um funcionário barra um visitante sem máscara na portaria de um condomínio que exige o item, ele pode orientar e, em caso de problemas, comunicar um superior hierárquico.
O advogado Rodrigo Karpat destaca que sobrecarregar funcionários ou atribuir “funções extras” podem levar a ações judiciais no futuro por desviarem da finalidade do contrato.
Ele ressalta que os funcionários de condomínios são mais expostos ao risco de se contaminar. Neste sentido, vale pensar em contratar uma pessoa específica do que fazer com que o porteiro meça a temperatura de visitantes, além de lidar com o aumento no fluxo de entregas.
Segundo os advogados, funcionários com suspeita ou confirmação de Covid 19 devem ser afastados do trabalho imediatamente. Paulo Roberto Ferrari, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Edifícios e Condomínios de SP diz que os condomínios devem promover condições adequadas para funcionários, disponibilizando equipamentos de proteção individual.
Em relação às práticas de higiene e cuidado com os EPIs, Marcelo Ebert, diretor da Câmara de Fabricantes de Produtos Químicos da Associação Brasileira do Mercado de Limpeza, recomenda que os itens sejam limpos após a jornada de trabalho, desde que não sejam descartáveis.
Fonte: Folha da Região